quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Mãos que violam a alma.




Não tive muito boas relações com as escolinhas onde estudei, se na primeira eu morria de medo de fantasma, na segunda escola fiquei com medo de homens barbados. A escolinha onde estudava me parecia ambiente mais alegre e acolhedor que a primeira, e assim como a anterior, ficava próximo a minha casa e também não era um prédio escolar. Estava instalada num sítio bem arborizado, tinha muro baixo, pintado à cal, com um largo portão de ferro. A casa era enorme, tinha muitos quartos e uma cozinha ampla com fogão a gás e à lenha, ficava um pouco afastada da rua e era toda rodeada por alpendres. Descendo em direção leste encontrava-se uma lagoa. Nossas aulas aconteciam sob os alpendres debruçados sobre três longas mesas cujos assentos eram compridos bancos de madeira. Embora as pessoas e o ambiente parecessem mais familiares, foi traumático frequenta-lo. Não tenho noção de quanto tempo permaneci tendo aulas nesse sitio, sei que tinha uns seis anos.
Lembro-me de certo dia ir até lá sozinha, tinha perto de 7 anos, e entrar correndo a procura da minha professora. Numa das salas encontrei seu irmão, ele me chamou e logo que me aproximei ele me agarrou por trás. Penso que ele me atacou na hora que virei ás costas pra ir embora. Não sei bem ao certo, mas imagino que ele pôs o pênis pra fora e ficou roçando nas minhas costas enquanto passava as mãos pelo meu corpo. Fiquei em pânico, foi uma experiência muito ruim. Lembro que chegou alguém e que ele imediatamente me largou. Sai correndo desesperada pra casa, senti um medo fora do comum. Não tenho recordações de como se processaram os dias seguintes ao assédio, recordo bem que me recusei a continuar frequentando às aulas e que me sentia muito culpada, quase cúmplice do meu agressor. Durante um bom tempo esqueci esse episódio, somente depois de encontrar a sobrinha dele, anos atrás, veio a minha cabeça um filme daquele homem roçando a barba no meu pescoço e o esfrega-esfrega dele em meu corpo. Acredito que foi depois desse abuso que passei a sentir nojo de homem de barba. Eu simplesmente tenho asco de homens peludos, prefiro os imberbes. Por causa do assédio eu resolvi não voltar à essa escolinha. 

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