quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Marido assassina esposa na frente do filho de 3 anos




O mundo não para e os homens não param de exercer seu poder de opressão. Hoje foi Michele e mais 13, 14, 15 ou 16 mulheres assassinadas pelo machismo, pela intolerância, pelo ciúme...




A Polícia Militar (PM) procura por um homem suspeito de ter assassinado a esposa a tiros, na tarde desta quarta-feira (20), na comunidade de Cruz das Almas, no bairro Penha, em Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense. Ele seria músico e conhecido pelo apelido de 'Baiano'. Segundo a polícia, o filho de três anos teria presenciado a morte da mãe e contado tudo para um vizinho.
De acordo com a PM, o suspeito fugiu em uma bicicleta com a arma usada no assassinato. Policias acreditam que tudo aconteceu depois de uma discussão entre o casal. Eles estariam separados há dois meses. Moradores contaram que ouviram os tiros e se aproximaram da casa. O suspeito teria saído da residência com o filho de três anos no colo e entregado a um vizinho.

O corpo da mulher foi encontrado caído na área de serviço com várias perfurações. De acordo com a família, Michelle Efigênia de Souza, de 34 anos, é enfermeira, mãe de dois filhos e Guarda Municipal em Casimiro de Abreu, no interior do Rio. Vizinhos disseram que nunca viram uma discussão entre o casal e que a família aparentava ser muito tranquila. Eles foram casados por 18 anos.

A perícia técnica do Instituto Médico Legal esteve no local do crime. O corpo de Michelle foi removido e levado para o IML. A PM faz buscas pela cidade de Campos, a fim de localizar o suspeito. O caso foi registrado na 134ª Delegacia de Polícia, na área central de Campos. G1.

Não consigo aceitar que uma mulher seja assassinada, na presença do filho pelo próprio ex-marido, ainda que fosse a única. Entretanto, Michele foi só mais uma. Estamos assistindo um verdadeiro massacre de nossas mulheres e a sociedade esta sendo cúmplice. O Estado está sendo omisso. Estamos entrando em 2014 e as estatísticas sobre feminicídio  nos revelam dados de 2011.

A impunidade também colabora pra que os números sejam alarmantes. De acordo com estudo preliminar do Instituto de Política Econômica Aplicada (Ipea), estima-se que entre 2009 e 2011, o Brasil registrou 16,9 mil feminicídios (mortes de mulheres por conflito de gênero), especialmente em casos de agressão perpetrada por parceiros íntimos. Número condizente com uma taxa de 5,8 casos para cada grupo de 100 mil mulheres.

Como no caso de Michele, os parceiros íntimos são os principais assassinos de mulheres. Aproximadamente 40% de todos os feminicídio no mundo são cometidos por um parceiro íntimo. Em contraste, essa proporção é próxima a 6% entre os homens assassinados. Ou seja, a proporção de mulheres assassinadas por parceiro é 6,6 vezes maior do que a proporção de homens assassinados por parceira.

Também se sabe que grande parcela dos agressores é reincidente e parte das vítimas de homicídios já havia dado queixa a polícia sobre ameaças ou agressões praticadas pelo assassino e algumas delas já tinham conseguido medidas protetivas. Mesmo assim os assassinos desobedecem às ordens judiciais e, numa clara afronta ao Estado, se aproximam da vítima, as agridem novamente e as matam.

Esse comportamento reflete a cultura da tolerância. Somos tolerantes com o machismo, com a pequena agressão, com o preconceito, com as desigualdades de gênero e principalmente com os agressores.

Não se pode aceitar casos como o do jornalista Pimenta Neves, que depois de ser condenado a 19 anos de prisão pelo assassinato da também jornalista Sandra Gomide, pôde recorrer do crime em liberdade. 

O feminicídio ocorreu em 2000, o jornalista foi condenado em 2006, em 2008 teve sua pena reduzida em 4 anos, passando a ter de cumprir 14 anos de prisão. Somente 2011 Pimenta Neves começou a cumprir pena, ou seja, foi para prisão. 
Pimenta Neves quando se apresentou à polícia em
2011. (Foto: Reprodução / TV Globo)


Então em setembro último, a juíza Sueli Zeraik da Vara de Execuções Criminais de Taubaté, no interior de São Paulo, concedeu ao réu o benefício de cumprir a pena em regime semiaberto. G1. 

Repare bem, foram três anos de prisão para punir alguém que assassinou uma mulher com quem o réu teve uma relação íntima, de confiança. Não me entra na cabeça que alguém pague pela morte de outra em 3 anos de prisão.Muito embora isso tenha ocorrido por conta da condição financeira do assassino, em muitos feminicídios o assassino sequer é preso.

O que o Estado está dizendo com esse tipo tratamento? Que o feminicídio compensa, que se pode matar a companheira sim, pois não haverá punição, que a vida da mulher não vale nada, que o home pode tudo.    

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