sexta-feira, 9 de maio de 2014

Quem mata, sequestra e agride são homens e eu ainda sou acusada de feminazi



Sinto-me profundamente incomodada de ser chamada de feminazi. Primeiro que não há nenhum fundamentalismo no meu feminismo e acredito que poucas, muito poucas das feministas sejam fundamentalistas, embora tenham razão para serem, afinal são tantas atrocidades promovidas pelo machismo que acabam por justificar a misandria. Entretanto, o que me incomoda mesmo é o fato de que apesar do feminismo não implicar a morte de homens vemos nossa ideologia comparada ao nazismo, ideologia que promoveu o massacre de milhares de pessoas. Entre nós não há sequer o pensamento ou vontade estabelecer um esquema de exploração e opressão contra os homens. Enquanto isso, homens motivados pela cultura machista sequestram, mutilam, estupram, agridem e matam.
Foto: AP
Há mais de duas semanas assistimos atônitos o desenrolar do sequestro de aproximadamente 200 meninas na Nigéria, levadas de um internato em Chibok, pequena cidade interiorana no Estado de Borno, no noroeste do país, na noite do dia 14 de abril. Homens armados, integrantes do grupo radical islâmico Boko Haram, invadiram o internato e;
 “Depois de se apoderar de alimentos e outros produtos encontrados no local, os homens colocaram fogo no prédio e partiram, levando-as. Duas semanas após o sequestro, quase nada se sabe sobre o destino das mais de 200 jovens, a maioria entre 16 e 18 anos, que se preparavam para fazer seus exames finais. Uma das hipóteses é a de que elas teriam sido levadas para Sambisa, um frondoso bosque cortado por riachos e habitado por antílopes e elefantes onde, antes da insurgência, moradores da região caçavam e pescavam. Também há relatos de que algumas teriam sido vistas em caminhões na direção do Chade ou da República dos Camarões, onde seriam vendidas por US$ 15. Também na semana passada, surgiu a informação de que elas teriam sido forçadas a casar com sequestradores, que teriam pago US$ 12 por uma noiva. Em um vídeo, o líder do Boko Haram, Abubakar Shekau, confirmou que as jovens seriam vendidas. ‘Deus me orientou a vendê-las, elas são propriedades Dele e eu vou fazer o que ele me pediu’, disse. Em 1º de maio, muitos foram às ruas pedir que governo faça mais pelas jovens. Há mais de uma década, os militantes do Boko Haram estão empenhados em uma campanha violenta com o objetivo de derrubar o governo e estabelecer um Estado islâmico na região. O grupo se opõe ao que qualifica de "educação ocidental" de mulheres e quer a adoção da Lei Sharia (Lei Islâmica) no país. Não há informações sobre as medidas tomadas pelo governo para resgatá-las - o que, segundo as autoridades, se deve à necessidade de não revelar detalhes por razões de segurança - e tão pouco sobre o número exato de estudantes sequestradas. Inicialmente, falava-se em 230. Depois, houve relatos de que 40 teriam conseguido escapar. Posteriormente, o número se elevou para 276. E a cifra mais recente, fornecida à BBC pelo chefe de polícia nigeriano Tanko Lawan, é de que 223 meninas teriam sido sequestradas. Em desespero, nigerianos saíram às ruas no dia 1º de maio para protestar e exigir que o governo faça mais para resgatar as jovens.” BBC

Até aqui a história já se revelava uma verdadeira barbárie. Mas ela assumiu um contorno ainda mais cruel quando uma das meninas levada juntamente com o grupo conseguiu fugir e relatar o que vem ocorrendo nos cativeiros;

Uma das meninas sequestradas na Nigéria supostamente pelo grupo islâmico radical Boko Haram que conseguiu escapar denunciou que as reféns mais jovens são vítimas de até 15 estupros por dia, segundo o portal local de notícias The trent. A menor [...] afirmou que devido a sua virgindade ela foi entregue como esposa a um dos líderes da seita. Segundo seu depoimento, os sequestradores obrigaram as meninas a se converterem ao islamismo e ameaçavam degolá-las se negassem fazer sexo ou não seguissem suas instruções. Após serem sequestradas no colégio, as crianças (dezenas das quais seguem em cativeiro) foram levadas a um campo da milícia fundamentalista na floresta de Sambisa, no estado de Borno, no norte do país e base espiritual e de operações do grupo. De acordo com organizações de direitos humanos, as menores foram obrigadas a se casar e, em alguns casos, os sequestradores as venderam como esposas por duas mil nairas cada uma (pouco menos de R$ 30). Entidades como a ONU e personalidades como o prêmio Nobel de Literatura nigeriano Wole Soyinka pediram a libertação das meninas, assim como campanhas pela internet e manifestações em cidades de todo o mundo.R7.
Aqui no Brasil, uma mulher leva 40 facadas após trocar o nome do namorado durante o sexo.
Aline Messiane Soares, de 19 anos, levou 40 facadas de seu namorado após desentendimento na última quarta-feira (7). O crime aconteceu em Piraquara, região metropolitana de Curitiba. De acordo com informações do programa "190", o desentendimento começou durante a relação sexual, quando Aline teria chamado o namorado, Ailton Figueiredo Aparecido Dias, 37 anos, de "Carlão". Revoltado, ele se descontrolou, pegou uma faca e atacou Aline. A jovem foi internada em estado grave e o namorado segue foragido. Yahoo.
Há três dias uma mulher não deixa marido ler mensagem de celular e é morta a facadas, na zona oeste do Rio. O crime ocorreu na comunidade da Carobinha, em Campo Grande.
Uma mulher foi morta a facadas pelo marido, porque não o deixou acessar as mensagens do seu celular. O crime aconteceu na madrugada desta terça-feira (6), na comunidade da Carobinha, em Campo Grande, na zona oeste. Em depoimento à polícia, Luiz Gustavo dos Santos Leocádio, de 20 anos, confessou o crime e contou ter tido uma discussão com a companheira antes de ter um acesso de fúria. Ele desferiu contra ela diversos golpes de faca.    Cátia Simone Ribeiro Racca, de 19 anos, morreu no local, que foi periciado pela Polícia Civil. A faca usada para praticar o crime foi apreendida. Em pesquisa ao histórico criminal de Luiz Gustavo, policiais descobriram que contra ele havia uma mandado de busca e apreensão pendente por homicídio praticado por arma branca quando o rapaz era menor de idade.  Luiz Gustavo será indiciado por homicídio qualificado por motivo fútil e por impossibilitar a defesa da vítima.” R7. 
Enquanto nós, feministas, lutamos bravamente contra esse tipo de crime, caraterizado pelo desprezo a vida, ao corpo e ao bem estar feminino os masculinistas se manifestam buscando manter o privilégio de agredir, estuprar e matar mulheres, criando mecanismos e usando das mais diversas artimanhas para nos constranger e nos silenciar. E no desespero chegam a encarar nossa filosofia de vida como fundamentalista e associá-la a genocídios! Ora, façam-me o favor.
Por acaso fomos nós feministas que sequestramos centenas de homens, os estamos mantendo em cativeiro, os estuprando dezenas de vezes ao dia? Fomos nós que esfaqueamos nossos companheiros e os matamos por conta de ciúmes? Não! Os crimes acima foram cometidos contra mulheres por homens, machistas em nome do patriarcado.
Não é concebível que sejamos chamadas de feminazis por lutarmos contra violências como estupros – e nesse caso, mais de uma dezena diariamente – assassinatos e agressões. Agora se a revolta dos masculinistas os leva a achar que é crime hediondo e contra a humanidade se indignar diante de barbaridades como essas e lutar para tentar combatê-las eu aceito sem nenhuma ressalva a alcunha de feminazi e com muito orgulho. Porque me indigno sim, me revolto sim, denuncio e luto sim até que nenhuma mulher seja usada objeto ou venha perder a vida nas mãos de machistas.

1 comentário:

Anónimo disse...

olá, gostaria que vc me explicasse como as feministas lutam contra esse tipo de crime, pq eu só vejo reclamações em blogs, e mulheres mostrando os seios em passeatas.
sou mulher, e gostaria de fazer algo ativamente. por isso pergunto como vçs lutam.
grata,
anna