sábado, 31 de maio de 2014

Eu aborto, ela aborta, nós abortamos.



A grande maioria dos que são contra o aborto é composta de homens. E por que isso acontece? Porque eles não carregam no próprio ventre o filho e quando conveniente podem fugir de toda responsabilidade com elx e fingir que nunca foram pais. Enquanto a mulher cabe toda a prerrogativa de amamentar, educar e ser responsabilizada pelo fracasso na educação. Portanto, meu útero, minhas regras, ninguém vai me obrigar a carregar no meu ventre um feto que eu não quero. Nenhuma mulher faz isso, nem a freira, nem a bispa, e muito menos a pastora, nem a sua, mãe, irmã, e nem sequer sua esposa. Preferem, ou preferimos, carregar a culpa, imposta pela cultura deísta e patriarcal a ter de lidar com uma maternidade indesejada. Podem proibir, protestar, divulgar imagens e vídeos chocantes que eu não mudo de opinião.


Podem me prender
Podem me bater
Podem, até deixar-me sem comer
Que eu não mudo de opinião
Daqui do morro
Eu não saio, não
Se não tem água
Eu furo um poço
Se não tem carne
Eu compro um osso
E ponho na sopa
E deixa andar

Fale de mim quem quiser falar
Aqui eu não pago aluguel
Se eu morrer amanhã, seu doutor
Estou pertinho do céu
(Opinião Zé Keti, Nara Leão Canta)
A cada dois dias uma brasileira (pobre) morre por aborto inseguro, um problema de saúde pública ligado à criminalização da interrupção da gravidez e à violação dos direitos da mulher. Por ano, no Brasil, são realizados 1 milhão de abortos clandestinos e 250 mil internações por complicações. É a segunda causa de internamentos por procedimento da ginecologia. A mulher pobre tem risco multiplicado por mil no aborto inseguro. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), 20 milhões de abortos inseguros são praticados no mundo. Por aborto inseguro, a Organização entende a interrupção da gravidez praticada por um indivíduo sem prática, habilidade e conhecimentos necessários ou em ambiente sem condições de higiene. O aborto inseguro esta associação a morte de mulheres que chega provocar quase 70 mil morte todos os anos, 95% dos abortos inseguros acontecem em países em desenvolvimento, a maioria com leis restritivas. Nos países onde o aborto não é criminalizado como Holanda, Espanha e Alemanha, a taxa de mortalidade é muito baixa e há uma tendência de queda no número de interrupções, porque quando ocorre a legalização os países passam a investir em políticas de planeamento reprodutivo. 

Então, percebeu que por mais riscos a que estejamos sujeitas, por mais pressão que a igreja e a sociedade de uma forma geral nos faça, nós mulheres, continuamos nos submetendo a toda espécie de processo e procedimentos abortivos quando nos deparamos com uma gravidez indesejada? Então não vai com argumentos e apelações que vão nos impedir de abortar. O que precisa ser feito é nos dar assistência pra que possamos decidir conscientemente sobre a hora de maternar.

2 comentários:

Luiza Pinaud disse...

Ótimo texto Ana! Com certeza a proibição não impede às mulheres de abortarem, quem achar que tem que fazer vai fazer e pronto. A legalização é fundamental para proteger a vida das mulheres pobres desse país! Um país desenvolvido é um país onde as mulheres tem o poder de escolhe sobre seus corpos!

Luiza Pinaud disse...

*poder de escolha